sábado, 25 de agosto de 2012

Passado


Saudade: uma palavra que só existe na nossa língua.
Creio que não seja o único diferencial dessa palavra doce (e devastadora). Acredito que a saudade tenha um próprio vocabulário. Com suas variações linguísticas, seus verbos, advérbios, adjuntos, argumentos.
Saudade é confuso porque nunca dá pra saber quando é bom ou ruim. Talvez seja uma janela no passado que nos faça voltar e relembrar os bons momentos, ou só uma desculpa pra não prestar atenção no que os outros dizem e viajar de olhos abertos.
Relembrar... Relembrar é bom, mas é triste acordar, despertada pela euforia do presente, e notar que o futuro nunca foi como planejamos, e que, pelo jeito, não fluirá calmamente.
Pensar em como as coisas já foram incríveis e de repente sentir tudo isso dar espaço à angústia, e principalmente, à vontade de voltar atrás. Lembrar-se dos beijos que já foram mais quentes, dos abraços que já foram mais apertados, da música tola que fazia mais sentido...
O amor é um prato de sopa. Começa frio, quando você ainda está preparando os ingredientes. De repente você a coloca no fogo e quando vê ela está fervendo! Agora ela esta quente, e é uma delícia. Mas, se por um descuido, você a esquece em cima da mesa, à temperatura ambiente e ela esfria... Você perde o apetite. E é aí que você precisa decidir: esquentar no microondas ou jogá-la no lixo. Cada um faz o que quer com a sua sopa.
Quiçá você jogue tudo fora e quando a fome bater, perceba que a solução estava gritante na sua cara, mas você não a viu.
Sinto falta da vontade que sentíamos um para com o outro. Das noites que viramos conversando sobre besteiras. Falta do ‘’pensei em você o dia todo’’ e ‘’por favor, preciso te ver agora!’’
É... eu sinto mesmo é saudade da saudade.